As tecnologias são, no campo da Educação, de uso muito antigo, muito embora não estejamos reconhecendo um "quadro-negro" como uma ferramenta tecnológica, ou mesmo um pedaço de giz, mas podemos dizer que os homens vem inventando e recriando aparelhos, ferramentas, técnicas e tecnologias instrumentais, mas também vem aperfeiçoando as chamadas tecnologias simbólicas, como a linguagem, a escrita, as representações simbólicas e icônicas, etc..., assim fazendo uso destas tecnologias nos processos de organização do trabalho, das relações humanas e, mais modernamente, das técnicas de mercado. Assim fomos perdendo sua origem grega de geração de arte, seu sentido e sua finalidade, como existira uma "tecla" do ensino, uma arte de educar, uma arte com um sentido crítico, onde se perguntava permanentemente para quê ? No campo da Educação Especial quando falamos de ‘inovações’ estamos apenas apontando o que de ferramentas visíveis estão em uso junto ao educando com necessidades especiais. Não nos apercebemos de todos os outros aparatos tecnológicos em produção permanente e se instituindo na relação professor-aluno. Venho apontando que é nesta relação que os encontros e desencontros principais estarão ocorrendo com a implantação, por exemplo, de computadores nas escolas. Já sugeri a implantação de processos de formação conjunta de professores do ensino regular e especial com os próprios alunos com e sem deficiências, buscando sua aproximação e confronto em ato, trabalhando juntos nas mesmas máquinas, aparatos e ambientes educacionais. Estes estariam na tarefa de serem experimentadores de uma busca de multiplicação com o aprendizado em salas adaptadas, como as que o PROINFO ou PROINESP, estão implantando em todo Brasil. Estes processos implicariam numa entrada para dentro das salas de aula, saindo dos espaços fechados e segregados criados como espaço de experiências destes projetos. Teriam eles ainda um caráter mais público do que privado, indo em busca de seu maior e melhor espaço de germinação: as escolas públicas regulares, do ensino fundamental à universidade. Neste sentido a criação de políticas públicas e de aplicação de recursos maiores neste campo são fundamentais. Sabemos que uma ampla utilização de novas tecnologias poderá facilitar o processo de inclusão de crianças e jovens com deficiência, principalmente aqueles considerados mais "difíceis", os deficientes múltiplos, autistas, surdos e com enfermidades graves. Para tanto faz se necessária a demolição e transposição de algumas barreiras e processos invisíveis que favorecem a ignorância, o preconceito, a segregação e o isolamento destes deficientes. Todos sabemos que estes deficientes têm direito à Educação, para além de discursos oficiais ou institucionais, mas ainda de uma educação que respeite as suas singularidades e particularidades. Para que tenhamos uma possível inclusão de crianças consideradas "casos difíceis", além de um experiente aprimoramento da capacitação dos professores e das escolas, poderíamos iniciar a difusão de recursos tecnológicos que os profissionais da educação e todo pessoal implicado nesta busca da educação com qualidade podem utilizar. Mencionarei apenas alguns dos mais importantes: • Computadores (conectados à Internet) • Sintetizadores de Fala • Impressoras Braille • Teclados ampliados e adaptados (com colméias/ protetor de teclado) • Mouses adaptados ou modificados • Sinalizadores de tela • Dicionários de gestos e LIBRAS • Aplicativos (editores de desenho e de texto ou desenho) • Telas sensíveis ao toque • Comutadores ou Switch (ou botões sensíveis ao toque) • Apontadores de cabeça (capacetes com ponteiros para tela) • Softwares de comunicação • LM Brain e IMAGO ANA VOX (programas de auxílio à comunicação de pessoas com deficiência motora grave, criados na UNICAMP e USP) • DOSVOX (Programa na UFRJ desenvolvido para leitura e edição de textos) • Virtual Vision (leitor de telas para deficientes visuais) • Via Voice (programa da IBM que permite controlar e acessar o computador com a voz) Para que todos estes recursos tecnológicos sejam disponibilizados há que ampliar a sua difusão e conhecimento, para não cairmos em uma possível reserva de mercado, ou numa circulação restrita de seus benefícios. Sugiro uma permanente e intensa troca de informações e de dados entre os criadores e usuários destes recursos, bem como faz-se urgente uma real destinação de recursos financeiros para pesquisas, principalmente nas Universidades públicas, donde poderão surgir outras e magníficas soluções tecnológicas para pessoas com deficiência. Uma das principais fontes de informações sobre estes recursos ainda está restrita a apenas 5% de nossa população mundial, ou seja a INTERNET, onde temos empreendido uma incessante difusão, através do site do DEFNET, Centro de Informática e Informações sobre Paralisias Cerebrais, (www.defnet.org.br), com links para a maior parte dos recursos de informática e acessibilidade na Web, tanto nacionais como internacionais. Neste sentido será de grande valia um processo real de Inclusão Digital dentro das escolas, com entrada ativa dos computadores e do uso da Internet pelos alunos e professores.